Com 11 pontos na frente do Palmeiras, que aparece hoje como o segundo colocado do Campeonato Brasileiro, o líder Botafogo reuniu, no final de agosto, todas as suas lideranças da SAF para discutir os resultados obtidos. Diferente de outras épocas, quando o Alvinegro Carioca vivia momentos tensos e de seguidos rebaixamentos, hoje uma realidade distinta se apresenta.
No mês de março de 2022, após conquistar o acesso para a primeira divisão, o acionista norte-americano John Textor assinou o contrato vinculante e, assim, selou o acordo para o início da SAF Botafogo. Naquele momento, o empresário teve que lidar com problemas do passado, como contas bloqueadas e dívidas. No campo, havia um treinador pressionado e os resultados ruins transformam um clube numa bomba relógio.
Mas como um caminhar à la Garrincha, os passos tortuosos também começavam a gerar uma esperança. Em pouco tempo, o Botafogo resolveu reformular toda a sua infraestrutura, profissionalizar os seus departamentos, criar um ambiente corporativo com boas remunerações e investir na captação de jovens valores. Para o especialista Helder da Bet, essas transformações foram fundamentais para que os resultados nos campos começassem a aparecer.
“A ideia de SAF passa ao torcedor a chance de fazer contratações importantes e, assim, o time brigar por títulos. Apoiado por uma propaganda exagerada, muitos acabam pensando que os investimentos serão feitos aleatoriamente. Mas a verdade é que a SAF precisa ser bem pensada, com prioridade nos processos e boa gestão. Essa é a diferença para a forma antiga de se pensar futebol e na qual vejo o Botafogo sabendo trabalhar”, explica.
Assim como Cruzeiro, Cuiabá, Bahia, Red Bull Bragantino e Vasco, o Botafogo tem uma sociedade anônima que tenta trazer uma nova forma de se pensar no futebol. Se antes era comum demitir o treinador com os resultados ruins, hoje existe uma ideia de manter uma filosofia. Exemplo é o ex-treinador Luís Castro, que chegou a ser questionado pela torcida, mas acabou sendo bancado por John Textor e os frutos estão sendo colhidos com uma campanha impecável no Brasileirão de 2023.
E mesmo após a saída de Castro, o Botafogo ousou e contratou o também português Bruno Lage, mantendo a identidade de todo um coletivo. Segundo Helder, outra coisa interessante é que o Botafogo apostou no seu mapeamento de atletas, o que contribuiu com a chegada de jogadores desconhecidos, mas muito qualificados, como Tiquinho Soares, Eduardo, Lucas Perri, Adryelson etc.
“O Botafogo está seguindo o que os clubes portugueses do Porto e Benfica fazem ao mirar em jogadores da América do Sul e mercados alternativos. O Segóvia é um exemplo disso. É muito mais fácil apostar em atletas que ainda estão em formação, pois eles são mais baratos, podem render esportivamente e entregar retorno financeiro. O scout trabalha com o cruzamento de dados, isso é a ciência auxiliando o esporte”, detalha.
Vivendo tempos de glórias do passado, o Botafogo renasce no presente e caminha para um futuro onde o amadorismo não tem mais vez. Afinal, vencer ou perder em campo é algo que faz parte do esporte, mas o trabalho de uma gestão profissional e a capacitação nos processos é que podem trazer tranquilidade e esperança aos apaixonados torcedores.