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Trinta anos de As Sublimes, as percursoras dos girl groups nos anos 90

O Brasil teve grupos femininos como As Fenéticas, A Patotinha e o Banana Split nos anos 70 e 80. Mas, curiosamente, ainda não tinha um grupo formado apenas por mulheres negras até o ano de 1993, quando o trio As Sublimes veio a público com uma participação especial no show do Frejat no Hollywood Rock ’93.

A fórmula eficaz tinha como inspiração o trio The Supremes, que fez sucesso mundial nas décadas de 60 e 70, contando com Diana Ross, Florence Ballard e Mary Wilson na formação original. Já no Brasil, a primeira formação de As Sublimes foi composta pela premiada diva do teatro musical brasileiro Lilian Valeska, a contralto internacional Karla Prietto e a recém lançada atriz Isabel Fillardis que, logo após entrar para o trio, tornou-se o centro das atenções do país ao estrear na novela Renascer, da Globo.

O grupo chamou atenção por sua beleza, figurino, gingado e harmonia vocal, tornando-se figura número um como referência para as meninas afrodescendentes do país que, até então, pouco eram representadas.

Com o lançamento do videoclipe Boneca de Fogo, em pleno programa Fantástico, a primeira música de trabalho alcançou o topo das paradas de momento e causou repercussão com o girl group sendo convidado para os principais programas de televisão e rádio, além de estamparem diversos editorais de moda em jornais e revistas do país. As Sublimes marcaram presença em programas como Domingão do Faustão, Domingo Legal, Xuxa Park, Jô Soares, Programa Livre, Note e Anote, Dudalegria e diversos outros que disputaram agenda pela presença das moças, que faziam seu diferencial harmônico por onde passavam e conseguiam mudar conceitos a ponto de até a música Tyson Free, que o trio gravou relutante, conseguiu fazer sucesso estrondoso nas rádios. Além da gingada Menina Mulher da Pele Preta – composta por Jorge Benjor, recebendo troféu de melhor videoclipe nos Estados Unidos – Stop e A Última Ilusão.

Segunda formação: Flávia Santana, Karla Prietto e Lilian Valeska. Álbum lançado em 1997. (Foto: reprodução de internet)

Mas o que aconteceu com elas? Houve uma pausa que custou quatro anos até o lançamento do segundo disco: Isabel Fillardis não conseguia mais conciliar sua disputada agenda com a de shows do trio e precisou desfalcar a formação, que iniciou longa busca com testes vocais até encontrar Flávia Santana, que entrou para a formação, lançando álbum em 1997, ao lado de Lilian e Karla, produzido nos Estados Unidos, sob a direção de Tuta Aquino, também pela Sony Music.

A dançante Eu queria um Amor (cover escrito pelo trio para My Cherie Amour – de Stevie Wonder) recebeu o sax de Michael Brecker e participação especial da Supreme original Mary Wilson, fazendo o trio ganhar as rádios novamente. Beleza Física, composta por Lulu Santos, foi escolhida para abrir o repertório do álbum e a balada romântica Só Pra Ser também marcou presença em programas de auditório e rádios. Também participaram de composições do álbum alguns nomes como Paula Toller e Leoni.

Após um ano do lançamento do segundo disco, as integrantes iniciaram seus trabalhos individuais e, em 2012, as quatro cantoras se reuniram com o ator Rodrigo Hallvys, fã assumido do grupo e proprietário da RH Soluções Artísticas, empresa que detém a marca registrada As Sublimes. O momento de reencontro levantou uma sequência de aparições das cantoras novamente juntas, se revezando, participando até de espetáculos teatrais e fazendo shows de encerramento, como no Circo Voador, no Teatro Dulcina Petrobrás (ambos no Rio de Janeiro) e Ilê Ayê, na Bahia.

Dentre o histórico dos grupos vocais, que também conta com Rouge, Lilith, SNZ, Pepê & Neném e Fat Family (que chegou a gravar a música Eu Não Vou – composta por algumas das Sublimes), a nossa versão do The Supremes deixou sua marca para o público nesses trinta anos, sendo lembradas até hoje.

E o estilo musical de As Sublimes faz muita falta.

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